sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Herois

“E agora vamos falar com os nossos heróis”.
Saudação (infeliz) usada por Pedro Bial ao se dirigir aos participantes do programa BBB.
Se alguém se encontrar com ele, pergunte-lhe, por favor, qual a definição de “heroi” no dicionário dele.

No meu, heroi é uma coisa muito diferente.

Heroi é a Dra. Vanessa Remy-Piccolo, jovem pediatra francesa de 28 anos de idade.
Ela, que abriu mão do seu conforto para servir na África como voluntária do programa Médicos sem Fronteiras.
Ela, que nos relata que cansou de atender crianças que com um ano de idade pesavam em torno de 3,6 kg, o que corresponde ao peso de um recém-nascido.
Heroi que relata que muitas mães chegam até ela dizendo que levaram os alimentos doados para casa, mas que seus filhos parecem terem desaprendido a se alimentar e se recusam a abrir a boca.

Heroi é Martial Ledecq, cirurgião voluntário do Médicos sem Fronteiras, que, arriscando a própria vida, atende, em meio a bombardeios, os civis feridos num Hospital de Tebnine, sul do Líbano, vítimas de uma recente guerra que de tão nefasta não poupou nem os observadores da ONU, e nem mesmo as equipes de ajuda humanitária internacional.

Heroi, meu caro Pedro Bial, é quem, nestes dias desleais em que vivemos, enxerga o sofrimento alheio e se prontifica a amenizá-lo no que estiver ao seu alcance.
[Foto: Atendimento em cínica móvel - Muzafarabad, Paquistão]


Herois são aqueles que abrem mão dos confortos pessoais em prol do coletivo, aqueles plenos de uma vida na qual a paixão sobrepuja a omissão...
[Foto: Campanha de vacinação para prevenção da Meningite - Gonder, Etiópia]




Heroi é aquele que é solidário, que partilha dons e bens...
[Foto: Voluntária do Médicos sem Fronteiras na Indonésia]


Mas há também muitos herois que falam a nossa língua...
E não são as “celebridades” instantâneas do BBB. Embora estejam pertinho da “casa mais vigiada do Brasil”.

Herois como Jacinta, enfermeira do projeto Meio-fio, promovido pelo Médicos sem Fronteiras no Rio de Janeiro, que examina mãe e filho, moradores de rua.




Herois como a médica Renata, que visita aqueles que nem aos precários serviços de saúde pública têm acesso, como este morador de rua, no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro.

Heróis como o educador Altayr, que partilha seus conhecimentos com uma moradora de rua no centro do Rio de Janeiro.







Heróis como a psicóloga Andréa, que, a exemplo da pediatra francesa, semeia saúde e esperança por onde passa.



Herois como a enfermeira Eriedna, que aqui atende o Sr. Nilton no núcleo de atendimento do Médicos sem Fronteiras.
Herois como Sr. Nilton, que com o apoio recebido conseguiu encontrar um trabalho e hoje não mais mora nas ruas.



Herois como Sr. João, um dos moradores de rua atendidos pelo projeto Meio-fio, que relata: "De manhã eu começo a circular igual a um peru doido. Eu só paro na hora do almoço e depois à noite, pra dormir. Mas catar latinha não é fácil, não. Hoje em dia tem uma concorrência muito grande pelas ruas".
Será que o Sr. João resistiria à tentação de catar as latinhas e garrafas de bebida vazias, com as quais a produção do BBB tenta a todo custo embriagar os participantes do programa nas festas que promove? Sr. João provavelmente juntaria as latas, sim, escondidas num canto da casa, para quando a fama instantânea passar...

Quando um cara, que já foi dos mais brilhantes repórteres do país, vibra e discute os namoricos, as intrigas e as futilidades do programa BBB como se fossem o assunto mais importante da atualidade, é sinal de que algo está lamentavelmente errado...

É preciso acreditar que um outro mundo é possível.

E pequenos gestos poderão produzir mudanças significativas.


Um ato simples, que certamente poderá resultar em benefícios concretos, será o de iniciar uma campanha de conscientização para que ninguém mais atenda aos apelos melodramáticos de Pedro Bial e que, ao invés de efetuar ligações para o programa Big Brother, contribua para entidades que atuam em prol de causas sociais.
A cada paredão, com milhões de ligações para o programa, os centavos e centavos pagos formam rios de dinheiro e engordam ainda mais as já milionárias fortunas dos donos, diretores e apresentadores televisivos...
Se você tem algum amigo, familiar ou conhecido que liga para o programa, aconselhe-o, ao invés, a doar a quantia para algum programa humanitário.
Ao invés de ligar para o Big Brother Brasil, contribua com alguma instituição que realmente precisa de ajuda.
E não faltam entidades sérias que contam com o nosso apoio para prosseguir com suas nobres atividades.
Dêem uma olhada no site do Unicef, só pra começar.

Certamente existe alguma instituição de amparo aos necessitados atuando na sua cidade.
Os recursos destas instituições provém, na sua maior parte, do apoio voluntário, - material e humano -, necessitando, portanto, de nosso auxílio e colaboração para que possam fazer diferença e recuperar o valor da vida dos tantos destituídos, excluídos da sociedade.


Quem são os herois de verdade? Esses?
Ou os tantos outros já mostrados aqui?
Vamos deixar a cargo dos familiares dos participantes, que têm interesse particular no assunto, decidir se fulaninho ou fulaninha deve ou não sair do programa.
Colabore com quem realmente precisa de você.

[Autor desconhecido]

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