segunda-feira, 15 de março de 2010

Escatológico 2

Estava lendo estes dias um dos livros de leitura obrigatória da faculdade, pra variar, onde o autor falava sobre o poder das palavras e do destaque que elas têm no texto de uma forma geral. No caso, o autor falava sobre a importância de reescrever o texto tantas vezes quantas forem necessárias até chegar à perfeição (ou próximo dela). Ele havia reescrito o texto algumas vezes antes de entregá-lo ao editor, mas este achou que deveria ser novamente reescrito e o pegou pelo canto da folha com a ponta dos dedos em formato de pinça, como algo nojento.
Ao descrever o fato, o autor alterou “nojento” para “gosmento”, como algo que escorre, que respinga nas roupas, que poderia melar a mão do tal editor e, assim, transmitindo de forma mais eficaz a sensação que teve durante aquele diálogo.
Pois bem, esclarecida a diferença que uma única palavra pode fazer num texto ou numa conversa, que seja, então vamos ao assunto do post. Nojento, por sinal.
Merda, pra mim, é aquele tolete conciso que cai de uma vez.
Bosta, por sua vez, é aquele passível de forma não definida (ou seja, um pudinzão mesmo) que faz barulho ao cair. A própria sonoridade da palavra denota sua textura física.
Resumindo, “merda” é aquele “toroço” (também conhecido como “charuto”, “submarino” ou qualquer outra coisa pela qual vc queira chama-lo) que aparece boiando nas praias ou que entope o seu vaso sanitário e “bosta” é o que a vaca faz no meio do pasto.
Daí algum chato pergunta onde se enquadram aquelas bolinhas, também conhecidas como “cabritos”. Sei lá onde aquelas porras de bolinhas se enquadram. Em “pastilhas de chocolate”, talvez? MM´s? Confetes?
Não posso deixar de comentar a ocasião hilária em que estávamos passeando eu, uma prima (mala sem alça) e meu avô no sítio de um amigo dele. Eu tinha uns 9 ou 10 anos. Andávamos pelo pasto, debaixo de um sol escaldante e a sem-noção da minha prima ia chutando o esterco seco das vacas, aquele pudim com cobertura cascuda, até que num dado momento ela se empolgou e deu uma bicuda no “monte”. Detalhe que justamente aquele era bem fresquinho, estava macio e quentinho. Ela literalmente atolou o pé no “barro”. Bem feito!
Aproveitando a deixa, já repararam na diferença entre as fezes dos eqüinos e dos bovinos? Quando ambas estão secas, ao esmigalhar a dos eqüinos (cavalos) é possível retirar pedaços inteiros de capim, enquanto a dos bovinos (vacas) simplesmente esfarelam. Qual seria a razão disso?
Simples. Os eqüinos mastigam uma única vez, engolem e o capim segue o rumo normal do aparelho digestório. Já no caso dos bovinos, o capim é mastigado, engolido, depois volta pra boca pra ser novamente mastigado e fica nesse processo durante algum tempo (ruminação), tanto é que o estômago deles é dividido em algumas cavidades (pelas quais passam o capim) antes de finalmente serem enviados ao intestino para o seu devido processamento.
Não sei o que acontece, mas ando muito “biológico” ultimamente.
Não, eu não fiquei alisando a bosta de um e de outro para notar a diferença, apenas perguntei para alguns biólogos conhecidos.

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