quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Carniça

Quem é o xarope que tira foto de bicho morto? Eu!!!
Havia uma razão por trás dessa morbidez toda e a imagem fez parte de um trabalho de Fotografia “Avançada”.
Os restos mortais dessa pobre criatura estavam no meio da calçada e quase pisei nela. Ou melhor, no que sobrou dela. Lembrei dois passos adiante que precisava de uma foto para simbolizar “carniça” no tal trabalho. Simplesmente parei, saquei a câmera e comecei a fotografar de perto. Os passantes, enxeridos, tbm pararam pra ver o que eu estava fazendo e saíam abismados com o que viam.
Ninguém mandou serem curiosos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Introspecção

Santa Cândida, Tingüí, Bacacheri, Boa Vista,
Cabral, Juvevê, Alto da Glória, Centro.
Campina do Siqueira, Bariguí até Campo Comprido.
Batel, Botânico, Água Verde, Santa Quitéria.
Praça da Espanha, do Japão, Osório e Rui Barbosa.
Comendador Araújo, Calçadão da XV, Nicarágua e México.
Campo Largo e a Fazenda, lá onde Judas perdeu a bota.
Coração em frangalhos, vazio.

Aquela saideira que teima em acabar. Hip-Hip-Hurra!
Besteiras aleatórias ditas ao vento – Risos.
Até papos “esquisitos” sobre salão, corte de cabelo e unhas.
E sem novidades “Mocorongas” pra contar.
Meus amigos, vcs fazem uma puta falta.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Onde está meu amor?

Minha relação para com a cidade de São Paulo é de amor e ódio numa tênue linha que separa o tédio do pouco caso. Mesmo assim ainda é possível dizer que fiquei marcado de forma positiva, de um jeito ou de outro.
Tudo começou assim, como quem não quer nada, com um simples comentário num blog qualquer. Discussões mais acaloradas sobre assuntos diversos exigiam outros meios de comunicação mais precisos e discretos. Primeiro veio o e-mail, depois o Messenger e daí para o telefone não demorou muito. Papo vai, papo vem, horas diárias ao telefone até que, parafraseando Renato Russo, “veio mesmo de repente uma vontade de se ver”. Nos encontramos pontualmente ao meio dia de um sábado ensolarado na Estação São Bento do Metrô para um programa tradicional: o pastel do Mercado Municipal. Satisfeita a necessidade fisiológica que o horário impunha, mas não a de passarmos mais horas juntos, o passeio prosseguiu numa caminhada descontraída pelo centro até a Praça Coronel Fernando Prestes, ao lado da Estação Tiradentes do Metrô. Os arredores do local são recheados de curiosidades históricas que talvez poucos conheçam, como a arcada de pedra que já foi um presídio feminino no início do século XX na fachada de um banco e o fato de o Parque da Luz ter sido o primeiro Jardim Botânico de São Paulo, entre outras.
Aquele mês de Janeiro estava particularmente quente e uma parada para uma cervejinha trincando de gelada se fazia necessária num barzinho aconchegante na parte de trás da Pinacoteca e com vista para o coreto do parque. Tudo era motivo de comentários, desde a vegetação até os passáros e o contraste com a selva de pedra que se estendia logo ali depois dos portões. O coração batia forte e o sol já começava a se pôr. Ainda não havia “lua de prata no céu”, mas “foi assim que a conheci” e “um beijo aconteceu”. O mundo poderia ter acabado ali que não me importaria. Naquele momento eu era a pessoa mais feliz que já existiu.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

midlewintertears

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Papo Nerd 5

No antigo Império Romano, o deus Baco, do vinho, era frequentemente homenageado com suntuosas festas que podiam durar vários dias. Mas não era só durante o dia, pra dormir tranquilo à noite e continuar festejando no dia seguinte. Não mesmo. As festas duravam dias e noites seguidas.
O convidado comia e bebia feito um porco até se empanturrar, depois retirava-se momentaneamente para um cômodo onde uma bela escrava nua o aguardava com uma pluma de pavão, ambos besuntados de óleos aromáticos, e uma ânfora. A escrava introduzia graciosamente a pluma goela adentro do sujeito para provocar-lhe o vômito, que era “devolvido” dentro da tal ânfora. O fulano, refeito, aproveitava a oportunidade para satisfazer seus ímpetos sexuais com a pobre moça e retornava à festa pronto para empanturrar-se novamente. O ato se repetia enquanto houvesse comida, bebida e convidados ávidos pela diversão.
O nome da festa? Homenagens ao deus Baco não poderiam ter outro nome senão Bacanal.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Divagações 10

"Se eu não vejo a mulher que mais desejo
Nada que eu veja vale o que não vejo"

Poema de Augusto de Campos, adaptado do texto do trovador Bernart de Ventadorn.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Lacinho

Estudei o Primário e o Ginásio (atual Ensino Fundamental) numa escola que mais parecia um quartel. Só faltávamos ser obrigados a bater continência para a diretora. Uma das funcionárias (a tiazinha do portão) quase chegava a fazê-lo, simbolicamente falando, de tão puxa-saco e dedo-duro que era. Apesar da rigidez disciplinar e das cafonices esporádicas, foi lá que aprendi a ser gente. Todas as comemorações cívicas eram lembradas em suas respectivas datas antes do início das aulas, com cada turma cantando uma música temática. Cantávamos o Hino Nacional todas as quartas-ferias (envergonho-me profundamente por ter esquecido a letra) e o hino da escola todas as sextas.
Não sei qual foi a intenção, mas qdo estava na 3ª série, a coordenação pedagógica inventou de nos enfeitar com uma porcaria de um lacinho cor de merda, preso sobre o bolso da camisa com um daqueles alfinetes de pressão. Pasmem! O uniforme era camisa social branca, com o logotipo da escola bordado sobre o bolso, calça social e sapato marrom, um porre. Ah, e o blusão era amarelo mostarda. Chique no último! Lá pela 6ª ou 7ª série a escola se tocou do ridículo e alterou o uniforme para algo mais confortável, semelhante aos uniformes escolares de hj.
Voltando para o lacinho, todos os alunos o usariam no 1º mês daquela modinha sazonal. No segundo mês, ele mudaria para amarelo ouro para os que se destacassem de alguma forma, melhorando notas e comportamento. Por fim, os que se destacassem mais o trocariam para marrom (traduzindo, aqueles que fossem catequizados e virassem umas múmias nerds). Fui usando aquela porcaria e levando a ideia de girico em banho-maria. Qdo chegou o 2º mês, duas de minhas primas ganharam o lacinho amarelo por terem melhorado algumas notas (e isso pq elas falavam mais do que taquara rachada). O lacinho marrom ficou para o piá mais imbecil e puxa-saco da turma, aquele que tirava 9,5 ou 10 em tudo, falava “amém” para o que a professora dizia e dedurava os colegas.
Nunca fui um aluno exemplar com relação a notas, mas elas tbm não eram ruins. Digamos que oscilava entre 7 (média para passar) e 8 em sua grande maioria. Às vezes rolava alguma coisa abaixo da média, nada preocupante, e tbm um 9 ou 10. Diferentemente do que possam pensar, eu tbm nunca fui do fundão. Sempre sentei no meio, às vezes na frente, e era introspectivo – pra não dizer tímido, coisa que ainda sou. Apesar disso tudo, continuei com o mesmo lacinho cor de merda. Naquele segundo mês eu descambei pra putaria. Não usava mais o treco na camisa (a tiazinha do portão vivia me aporrinhando pra usar aquela merda ou iria me dedurar pra coordenação), minhas notas caíram um pouco, meu comportamento piorou e ainda dei uma ombrada no “Pônei Maldito” do lacinho marrom por ter feito menção de me caguetar para a professora (O “piá de prédio” passou o resto da tarde chorando feito uma gazela). Pelo menos aboliram o treco no 3º mês, acredito eu que por terem criado (ou evoluído) monstrinhos e focos de resistência nas outras turmas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Caveira

Fiquei sabendo do caso de um jovem de 23 anos que veio a falecer na tarde deste último sábado, vítima de um assalto. Depois de ter entregue relógio e celular, o meliante atirou pela lateral esquerda do rapaz, com o projétil saindo pela lateral direita. No trajeto, a bala estraçalhou o baço, um dos rins, a veia cava inferior (que leva o sangue da parte inferior do corpo de volta ao coração) e a veia mesentérica (responsável pela irrigação do intestino). Traduzindo: ficou dois dias internado, recebeu 5 bolsas de sangue e veio a óbito pela extensão dos ferimentos.
O caso daqueles três adolescentes chapados me fez refletir acerca da violência urbana sem levar em conta a questão social do indivíduo que não teve oportunidades na vida e viu alguma perspectiva na atividade ilícita, ou seja, não encontrou trabalho pq não teve estudo de qualidade e sua única opção foi cair na criminalidade. Será que foi a única mesmo? É bem provável que me contradiga em alguns argumentos por não ter encontrado uma possível solução pacífica a este problema que aflige a todos nós.
Nada se sabe sobre o autor do disparo no caso citado acima. Mas em outros tantos casos, o meliante é preso em flagrante, chega à delegacia e é liberado ou, no caso de condenado pela justiça, cumpre um terço da pena e é solto por bom comportamento ou aproveita a deixa daquelas porcarias de indulto de natal, ano novo, dia das mães, o inferno que seja, e não retorna à prisão. Se prisão resolvesse algo, o cara ia pra lá, cumpria pena e retornava reabilitado à sociedade. Mas não! Saem de lá ainda piores. Veja bem, o cara é preso, sai numa boa e volta à criminalidade.
E ainda me chamam de radical quando digo que esses vagabundos só tem jeito qdo amanhecem no meio do mato com a boca cheia de formiga. Morreu? Então que vá para o diabo que o carregue. Pelo menos o lazarento do “presunto” não ressuscita pra infernizar a vida do cidadão de bem.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bunda de Cavalo

O homem, com seu pensamento voltado única e exclusivamente a desenvolver coisas para a guerra, achou que andar a cavalo já estava fora de moda e, por isso, inventou a biga. O conjunto todo era muito pesado para um único cavalo, que cansava rápido, se tornava lento e perdia a utilidade militar. Como o homem só vê utilidade prática nas coisas quando é possível transformá-la em arma para matar seus semelhantes, emparelhou dois cavalos e criou o que usualmente chamamos de “bitola”, ou seja, a largura da biga passou a ser de duas bundas de cavalo.
No antigo Império Romano era preciso ir e vir, então o homem (não necessariamente o mesmo) criou estradas. Para não atrapalhar o trânsito das carroças, a largura da estrada era de duas bundas de cavalo pra ir, duas bundas pra vir, duas para estacionamento num sentido e mais duas para estacionar no outro sentido. Pronto, estava criada a largura padrão das estradas.
Outro homem inventou o trem. Vc, caro leitor, é capaz de adivinhar a largura do vagão? Isso mesmo! Duas bundas de cavalo. A tal da bitola citada anteriormente não é mera coincidência. O homem tbm inventou o carro que, por “coincidência”, tem a mesma largura da biga. O homem é mesquinho e prefere andar em meios de transporte individuais (sozinho em seu próprio carro) ou, qdo muito, dá carona a alguém e isso só contribui para deixar ainda mais caótico o trânsito das cidades. Visando melhor aproveitar o espaço, criou um carro menor e mais estreito, com capacidade para duas pessoas, uma se sentando à frente da outra. A idéia não pegou. Pq? Pq não é legal sentar um na frente do outro. O legal é sentar ao lado. Daí o xarope inventou aquela bosta de “carro” que se convencionou chamar de Smart, que de “smart” não tem nada pq ocupa a mesma merda de espaço de um carro comum.
O homem foi ao espaço e já pousou na Lua, mas antes de voar era preciso transportar aquele monte de pedaço de metal para ser montado e se transformar numa nave espacial. Como esse material era transportado? De trem. E esse trem tem a largura do que? Duas bundas de cavalo.
Traduzindo: Segundo o prof Coelho, não importa se vc vai dar uma volta de carroça ou se vai ao espaço: o mundo se resume a duas bundas de cavalo.